segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Novo mundo, velhas ideologias!

A Igreja Católica exerceu seu domínio sobre a Europa durante todo o primeiro milênio, e não foi somente o domínio espiritual, ou seja, o domínio sobre a fé das pessoas, chamado de domínio atemporal, ela também exercia seu poder no âmbito político e econômico de toda sociedade medieval. Nenhum rei ia à guerra sem a autorização da igreja, nenhuma coroação era feita sem autorização da igreja, nenhuma pessoa entrava ou saía dos feudos sem que a igreja não soubesse, ninguém proclamava-se contra as decisãoes da igreja sem que ela escutasse. O clero mantinha a população medieval sob rédeas curtas, para assim conservar seu poder. A partir do século XI, esse poder da igreja começa enfraquecer, e ela vai perdendo, gradativamente, seu domínio sob a Europa.
No Século XVI, a Europa havia entrado numa verdadeira barbárie religiosa, a Igreja estava firmemente dividida entre o alto e baixo clero, com palavras explicítas: havia virado um comércio. A partir de Martinho Lutero, a igreja se depara com uma situação que até o presente momento parecia simplesmente impossível, isto é, o surgimento não só de uma nova doutrina cristã, no caso, o protestantismo, como numa verdadeira fuga dos seus fiéis à nova religiosidade.
A Igreja, até então invencível, começou a vislumbrar a adequação dos seus fiéis para uma nova imagem de Deus.
E é necessariamente nesse contexto de declínio da igreja na Europa, que houve a constatação do Novo Mundo, o que não podemos chamar de descobrimento, e sim conquista, domínio, aniquilação, das riquezas naturais e sobretudo, da riqueza cultural dos nativos que estavam aqui.
A invasão na América abriu novos horizontes comerciais para a burguesia mercantil em ascenção, e para a Igreja significou a reinvenção de seus valores, uma vez que no terreno europeu as opções foram ampliadas e descentralizadas. A possibilidade de envangelização dos nativos americanos forneceu à Igreja novos ares e um campo interamente novo de atuação.
Entretanto, os povos indígenas não se encontravam em um ateísmo generalizado , eles possuíam uma religião na qual rapidamente foi tratada pelos missionários como uma religião pagã, o que fazia parte do plano de endoculturação europeia dos povos nativos. Os europeus estavam tão certos de si, que julgaram sua cultura superior e subjugaram a cultural milenar e natural dos indígenas. Muito além do massacre elementar dessa invasão, podemos notar aqui uma caracetrístca comum de como é possível, através de uma ideologia, você sustentar a tese de que uma dada população vive uma condição inferior. Quando na grande mesa das relações culturais, introduzimos uma verdade, e é essa verdade que deve ser seguida, seja através do medo, ou da violência, é que se constitui toda a moralidade cristã. A mesma sobreposição que houve aqui na América, se repetiu de muitas maneiras diferentes no desenvolvimento da história, seja no tráfico negreiro do século XVI e XVII, ou na consolidação da desigualdade social do século XVIII e XIX, ou até mesmo o Holocausto nazista do século XX e a caça às bruxas do comunismo aqui no Brasil. Não podemos mudar mais essa história, mas podemos sim, estabelecer todos os recursos necessários para uma nova história, sem preconceito, sem ideologias etnocêntricas, unindo todas as culturas para cantarmos a mesma canção!




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