De maneira geral,
posso afirmar com uma boa dose de segurança que a resposta à pergunta que a
professora nos direcionou, é, sobretudo uma questão Ética. A problemática de
escrever sobre o papel do professor, sob o olhar social, é que as dimensões
educacionais são delineadas pelas formas de poder instituídas. Basta analisar
como a instituição Escola estava constituída aqui no Brasil entre a década de
70 e 80, para constatar que pouca coisa mudou desde então. A postura do
professor dentro desse contexto baseava-se, sobretudo em avaliar o aluno através
da sua disciplina e mérito. Uma metodologia que se encaixa perfeitamente nos
moldes militares, cuja visão sobre a educação consiste basicamente em compactar
a pessoa dentro de um modelo acabado, pronto, único, em suma, aplicado à prática
do espírito positivista. Entretanto notamos que no resultado do SAEMS 2011, a
escola cuja média estava acima tanto na esfera estadual, quanto da municipal é
justamente o Colégio Militar de Campo Grande. Entretanto eu não confio nessa
avaliação por dois motivos: em primeiro lugar ela é quantitativa, pois visa
constatar o grau de aprendizagem do aluno através de um calculo baseado no seu
acerto e no seu erro; e em segundo lugar por que o resultado demonstra a
aprendizagem no seu formato final, ou seja, na dimensão do raciocínio lógico
operacional, como se todas as fases anteriores estivessem resolvidas. No meu
entender o CMCG atingiu determinado nível de pontuação, por motivos que compõe
toda dimensão organizacional e física dessa modalidade de instituto escolar. O
CMCG, primeiramente, não é uma instituição nem governamental, nem municipal, e
não é, por que não há possibilidade alguma de ser. A metodologia usada nessa
escola não é compatível com as ferramentas que o Estado oferece para a escola
pública, o Colégio militar funciona por que pode selecionar o tipo de aluno que
se enquadra dentro da ideologia ensinada em cada gesto, em cada símbolo, etc. A
escola pública deve e realmente está aberta para os mais variados tipos de seres
humanos e automaticamente aberta os mais variados tipos de contextos emocionais,
socioeconômicos e culturais. Voltando a pensar no papel do professor nessa
perspectiva; estamos em consenso com a teoria de Vigotski, e com Bandura, por
que o professor de escola pública deveria ser hoje não só um transmissor de
informação, mas também teóricos engajados com o contexto subjetivo do
estudante. Ora, trabalhar com alunos pré-formatados ainda intui a ideia do
conhecimento como uma produção industrial, e é nesse sentido que a escola
pública está paralela com o Colégio Militar e também o mesmo motivo que faz a
escola pública estar abaixo tanto a nível municipal, quanto estadual daquela avaliação
supracitada. A contradição desses dados me faz analisar que na verdade aqueles
que vão trabalhar talvez uma boa parte da sua vida em indústrias, comércio,
etc., etc., são exatamente os mesmos que não adquiriram boas médias na
avaliação do SAEMS. Isso se dá por que a Indústria real não necessita de
pessoas com capacidades de desenvolver conceitos, formular resolução
matemáticas, falar corretamente, não precisam nem que eles saibam cantar o hino
nacional, pois a indústria não tem pátria, porém, como não cabe a escola os
condicionar no trabalho físico, ao menos compete a tarefa de condicionar o
corpo à disciplina. Os processos de modelação, aprendizagem evolvida,
regulação, citadas por Bandura é uma ideia que remonta a reunião de fatores que
propiciam ao estudante buscar uma referência externa e um apelo dentro de si
para atingir a aprendizagem. O aluno precisa viver aprendendo, de modo que a
escola esteja de acordo com o momento de cada um. Acredito que hoje é
necessário reposicionar a imagem tanto do professor como da escola, é necessário
intelectualizar a população, mas antes é necessário propiciar a possibilidade
de um bom desenvolvimento social, contextual, o professor precisa buscar as
teorias e situar dentro de cada subjetividade o que cada aluno tenha a dar de
si.
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